domingo, 28 de agosto de 2016

ESPERANÇA

CAIXA DE PANDORA


Quando buscamos respostas na Mitologia, uma pergunta recorrente quando falamos de esperança e Caixa de Pandora, é o motivo de a esperança estar junto de todos os males da humanidade.

Imagino  que seja pela pluralidade de interpretações e direcionamentos que é possível dar a este sentimento, estado de espírito ou como preferir chamar.

Osho por exemplo, em seu livro ”NEM ÁGUA NEM LUA” considera a esperança uma enganação, estratégia, mecanismo da mente para disfarçar o descontentamento e a miséria do aqui e agora.

Nietzsche em seu livro “HUMANO, DEMASIADO HUMANO” vai por caminho semelhante ao considerar a esperança enganosa e um mal. Para este a verdade é alcançada através da “descrença e do ceticismo, e não do desejo infantil de que algo aconteça de certa forma”.

Mesmo com formação acadêmica filosófica e tendo sido iniciado nas terapias e meditações do Osho, prefiro ver na esperança um caráter divino. Algo semelhante aos Gregos que a chamavam de Deusa Elpis, aquela Deusa que nos dá poder sobre os desafios e adversidades; a Deusa que nos dá força para seguir vivendo e em busca de sentido,  da realização de nossos sonhos  e da nossa felicidade.

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

NIKÉ E CRONOS




Niké é uma Deusa alada  grega, personificação do triunfo e da glória.

 Com a palma da vitória em uma das mãos, com a outra coroava de louros e imortalizava Muhammad Ali, um dos atletas mais venerados dos últimos tempos. Foi medalhista de ouro do boxe meio pesado e faleceu neste ano.



Mas vidas não são só glorias e louros.

A cidade de Olimpia, na Grécia, é um símbolo e berço dos jogos Olímpicos. Junto a seus bosques sagrados existe um morro chamado Monte Cronos.  Foi uma das regiões mitológicas onde  Zeus e seus irmãos lutaram contra seu Pai terrível Cronos. Uma luta contra o próprio tempo.

Luta que no ano de 1996 em Barcelona, 12 anos após a medalha de ouro, Muhammad Ali não venceria ao ter dificuldades para acender a tocha olímpica em função dos tremores causados pelo mal de Parkinson.

Cronos(grego) ou Saturno(romano) é o Senhor do tempo e dos Portais. Responsável pelo amadurecimento e envelhecimento não só de nós humanos, mas de tudo o que existe. Mesmo um calçado nunca usado e guardado novo em um armário, dentro de 29 anos estará se deteriorando por força do tempo.




Uma das maiores estudiosa e conhecedora de Saturno, a Professora e Astróloga Zilá Saldanha alerta para a necessidade de estarmos conscientes  quando Saturno finaliza algo em nossas vidas, porque normalmente há algo novo querendo se manifestar e que precisa de espaço .

Muhammad Ali soube, do seu jeito, dar este “salto”. Finalizada sua carreira de atleta  se converteu em ativista.

Inspiração para aquelas situações de nossas vidas em que permanecemos “abraçados a cadáveres” de situações, pessoas e coisas que terminaram, mas que insistimos em manter, impedindo a chegada do novo. 

domingo, 21 de agosto de 2016

O OURO




O OURO


“o que consideramos como objetos físicos tem muito em comum com os valores espirituais”(Eugene Wigner- prêmio Nobel de física


Desde o princípio dos tempos,  o ouro, que a muitos encanta,  tem sido associado com a magnificência do Sol. Nas mais variadas civilizações é  usado para criação de seus símbolos mais valiosos e  venerados.
Através dele muitos impérios surgiram ou ascenderam. Sua perda levou ao declínio outros tantos.
 Além de seu valor comercial, o ouro sempre esteve relacionado com o poder. Talvez por sua associação com o caráter de eternidade, ou por ser considerado o metal mais próximo da perfeição, o estágio perfeito da matéria.
 Em tempos remotos  o ouro era   considerado o “metal dos Deuses”.
Na mitologia, ao lado dos Deuses estão os heróis, homens mortais que por suas ações extraordinárias de alguma forma se aproximaram dos Deuses. 
Por exemplo Hércules em seus 12 trabalhos,  Teseu que mata o minotauro, Jasão que conduz a expedição dos Argonautas em busca do Tosão de Ouro.
 Hoje, no Brasil, temos os heróis medalhistas Olímpicos que atingiram marcas muito próximas das Divindades. Nos jogos paraolímpicos teremos oportunidade de vivenciar exemplos de heroísmo ainda maior.


MITOLOGIA





 
“OS SONHOS, AS  ARTES E OS  MITOS FALAM SOBRE A MESMA COISA”                                                    (Joseph Campbell)



 Freud encontrou primeiramente nos mitos a estrutura de seu campo de pesquisa com a teoria psicanalítica  baseado  no mito  Grego de Édipo. Depois  Jung apresentou  ao mundo uma releitura de Platão com a definição de  arquétipo usando histórias mitológicas como ferramenta para investigar o mundo  inconsciente da psiquê em busca de regiões ocultas onde estivessem gravadas imagens naturalmente típicas do desenvolvimento humano no universo inteiro.




Definir mito e mitologia talvez seja tão complexo como definir a jornada  humana na face da terra. Há ainda quem a entenda como indefinível, em função do seu poder urobórico(  ) de se metamorfosear.
 Uma das maneiras de ver o mito é  como uma tentativa de explicar os questionamentos humanos  e suas dúvidas intrigantes enquanto encarnados no planeta . As histórias da mitologia são imantadas pelo sagrado e tratam dos modelos perpétuos de comportamento da alma humana

 Afinal existe um marco que define o início da mitologia  como hoje a entendemos nas nossas vidas? Não é tão simples assim. Não há um evento ou marco específico, tampouco um conceito claro.

O início pode ter uma relação com a passagem da humanidade de coletor e caçador para a agricultura. A partir daí  parece haver uma  conexão maior com o Cosmos e os acontecimentos e fenômenos naturais  ao seu redor. O poder da lua parece começar a exercer um fascínio e respeito. A figura Lunar, comportando a luz e o poder do Sol, lentamente foi limitando o poder da terra através de suas efêmeras fases e aos poucos foi sendo associada com a fertilidade. Muitos ritos passaram a acontecer para que as colheitas acontecessem. A primavera passou a ser associada a fecundação, o verão a colheita e o inverno ao sacrifício.  E é  a partir desta mistura de eventos naturais e  forças sobrenaturais e o fenômeno da colheita que  começaram  as primeiras adorações que se tem notícia venerando a Deusa da fertilidade da terra.

Deusa da terra fertilizada



Mesmo avançando além do aspecto agrícola, a mitologia passou a estar presente em diversas áreas da vida em sociedades, assim  como diretriz na história da arte.                
O que hoje conhecemos por mitologia clássica Greco-Romana (que é o conjunto de mitos mais popular do mundo) começou com histórias mágicas, sobrenaturais, alegóricas, devassas, selvagens, absurdas, primitivas, intolerantes. Histórias verdadeiras que aconteceram no início dos tempos e outras inventadas como veremos adiante. A finalidade era responder algumas perguntas como:

 Qual a origem do Cosmos?(mito existente para dar uma razão, explicar o desconhecido) 

 De onde vem o trovão e o relâmpago? Para onde vamos após a morte?(mito explicativo) 

Porque escurece quando o Sol desaparece? 

Qual a origem da humanidade na terra?

 Porque as pessoas se enamoram? 

Qual a origem das constelações?

 Como o fogo passou a existir? 

Qual o significado das doenças e da dor?

  Entender o comportamento de certas criaturas,

 a mudança das estações, e outras tantas perguntas.

Caronte o barqueiro

Como não dispunham da ciência e da tecnologia para dar as explicações, extrapolavam na criatividade das respostas que criavam.  Diferente de muitas religiões que surgiram posteriormente, a relação Humanos e Divindades   nem sempre eram harmônicas, mas muitas vezes guiada pela emoção, o que resultava em uma relação muitas vezes dramática. Talvez por isso a mitologia tenha tantas tragédias, guerras, paixões, céu, paraíso, inferno, futuro, passado, heroísmo, fúrias, traições, vinganças. 


Zeus e Leda


A mitologia serviu de base para preencher os mais variados questionamentos lacônicos.

“As imagens, os mitos e os símbolos estão ligados às mais secretas modalidades do ser” (Mircea Eliade)

Uma das maiores dificuldades em entender a mitologia é a questão do tempo. Na Cosmogonia Cristã há um tempo linear com começo, meio e fim representados ou significando respectivamente: gênese, encarnação e apocalipse. Nos mitos  não há necessariamente uma narração contínua e menos ainda  um tempo histórico cronológico de pensar de forma linear. O tempo mítico é atemporal auto-suficiente em sua própria dimensão. Muitos de nós já ouvimos aquela máxima”O Tempo dos Deuses é diferente do tempo do homens”

 

Os seres  humanos são muito   muito semelhantes entre sí. Semelhantes nos corpos, nas aflições, nos contentamentos, descontentamentos e comportamentos.
 Talvez não nos seja possível imaginar o vasto significado da mitologia para as civilizações antigas, mas podemos sentir e entender de maneira semelhante as imagens arquetípicas dos mitos, pois eles representam modelos psicológicos e cósmicos. Podemos comparar a um espelho onde nos vemos como realmente somos. 
Ao entender os seus significados temos uma pista  para entender mais a  humanidade nas mais remotas culturas e as ferramentas para nos tornarmos conscientes da nossa existência.

Joseph Campbell foi uma das maiores autoridades mundiais em mitologia  e utiliza o fenômeno do heliotropismo, que é o movimento das  plantas na direção dos raios solares para comparar a possibilidade do efeito da mitologia em nós.

 Através do mitos podemos voltar-nos para um nível espiritual de consciência, o que não deixa de ser uma alusão a nos voltarmos na direção do Sol, o astro que na astrologia  representa a consciência


Esta consciência que Campbell se refere nos mostra  o quão é importante o conhecimento de nossa mitologia pessoal, da nossa história de vida transpessoal e sagrada.
 A falta deste entendimento pode ser o que faz com que tantas pessoas elejam heróis, atores, músicos, intelectuais, políticos, celebridades em geral para idolatrarem. Arriscam-se assim a  viver a vida através das experiências dos outros, ou vendo a vida através da nuance das  sombras como no  mito da caverna de Platão. Viver a sombra de mitos que não poderemos viver.